1.
(UFPR/2003)
"Se não existissem leis e governos, uma vez que o mundo é mau e apenas um ser humano em mil é um verdadeiro cristão, as pessoas se destruiriam umas às outras e ninguém seria capaz de sustentar sua mulher e seus filhos, de se alimentar e servir a Deus. O mundo tornar-se-ia um deserto. E assim Deus instituiu dois governos, o governo espiritual, que molda os verdadeiros cristãos e as pessoas justas por meio do Espírito Santo sob Cristo, e o governo secular, que reprime os maus e os não cristãos e os obriga a conservarem-se exteriormente em paz e permanecerem quietos, gostem ou não gostem disso." (Martinho Lutero. Sobre a autoridade secular: até que ponto se estende a obediência a ela? Trad. de Hélio M. L. de Barros e Carlos E. S. Matos. São Paulo: Martins Fontes, 1995. p. 16.)
Sobre o contexto da Reforma Protestante e as idéias de Lutero sobre o poder temporal, são corretas as alternativas
A. 
Dando continuidade ao pensamento político de Santo Agostinho, Lutero reforça a autoridade dos príncipes, legitima o domínio que exercem sobre os súditos e compartilha com os monarcas as idéias a respeito da centralização do poder.
B. 
Lutero, por assumir uma posição de conservadorismo político e defender a teoria da resistência passiva dos cristãos, condenou com veemência as revoltas camponesas na Alemanha.
C. 
Ao fundamentar sua teologia na justificação pela fé, Lutero desenvolveu uma definição pessimista da humanidade, que se confrontava com a definição humanista. Isso ficou evidente na polêmica que manteve com Erasmo, em torno do livre-arbítrio.
D. 
Apesar de se colocarem em campos teológicos e doutrinários completamente opostos, a Reforma Protestante e a Reforma Católica tinham um objetivo comum: responder às demandas espirituais da época e aplacar as inquietações da consciência cristã.
E. 
As guerras religiosas do século XVI uniram católicos e protestantes contra a ameaça turca e o Islã.
2.
(UFPR/2003)
Em 1516 foi publicado o livro Utopia, do humanista inglês Thomas More. A respeito das idéias humanistas, assinale as alternativas corretas:
A. 
More defendia a sociedade aristocrática inglesa; seu livro foi um elogio às elites e ao estilo de vida dos nobres, sendo a ilha Utopia uma representação da Inglaterra.
B. 
Os humanistas ingleses e dos Países Baixos escreveram críticas impiedosas à sociedade e aos vícios humanos, aos homens da Igreja e aos maus governantes, como se pode ler, por exemplo, no livro O Elogio da Loucura, de Erasmo.
C. 
Uma das principais características do pensamento humanista é a crença na ligação entre conhecimento e governo justo. Isso explica a divulgação de obras de aconselhamento dos príncipes e de obras voltadas para a crítica social.
D. 
Um elemento importante na formulação do pensamento humanista foi a defesa do bem público.
E. 
Para os humanistas cristãos, a república perfeita era a república cristã fundada nas virtudes do povo e do príncipe.
3.
(UFPR/2004)
"E há de se entender o seguinte: que um príncipe, e especialmente um príncipe novo, não pode observar todas as coisas a que são obrigados os homens considerados bons, sendo freqüentemente forçado, para manter o governo, a agir contra a caridade, a fé, a humanidade, a religião. É necessário, por isso, que possua ânimo disposto a voltar-se para a direção a que os ventos e as variações da sorte o impelirem, e, como disse mais acima, não partir do bem, mas, podendo, saber entrar para o mal, se a isso estiver obrigado." (MAQUIAVEL, N. O Príncipe. São Paulo: Abril Cultural, 1973. p. 80. Coleção Os Pensadores.)
Ao oferecer seus conselhos a Lourenço de Médici, Maquiavel tornou público um dos textos mais importantes do Renascimento sobre o exercício do poder e a manutenção do Estado moderno. Sobre o tema, assinale as alternativas corretas:
A. 
O texto de Maquiavel trata de um fenômeno político que surge em toda a Europa no século XVI, decorrente do despertar de um forte sentimento revolucionário que uniu monarquia, burguesia e camponeses contra os senhores feudais.
B. 
Ao testemunhar as vicissitudes políticas de Florença, Maquiavel inspirou-se nas atitudes dos príncipes e do papado para escrever um tratado no qual admitia que a moral, nos assuntos políticos, devia ser relativa ao objetivo principal dos príncipes, a saber, manter o Estado.
C. 
Para fortalecer o seu poder internamente e garantir a supremacia frente aos outros Estados, o monarca moderno passou a contar com exército próprio, tanto que as expedições militares passaram a ser financiadas pelo erário público.
D. 
Uma fonte segura de financiamento das monarquias modernas foi a expropriação das terras da nobreza.
E. 
A arquitetura, as artes, os espetáculos, as cerimônias e os rituais políticos foram manifestações do poder monárquico, que não era exercido só pela força, mas também pelo carisma e pela mística da majestade real.
4.
(UFPR/2004)
Sobre o processo de acumulação primitiva do capital na Inglaterra, ocorrido no período correspondente à transição do feudalismo para o capitalismo, e algumas de suas conseqüências, é incorreto afirmar:
A. 
Coincide com o período em que a coroa inglesa estendeu seus domínios para o continente africano.
B. 
A acumulação de capital deu-se particularmente no campo, em função da elevação das rendas dos proprietários e da exploração da terra segundo critérios capitalistas.
C. 
Os cercamentos estão na origem da expropriação dos camponeses e do desmantelamento das formas de vida comunitárias, tendo lançado na miséria grandes contingentes de homens e mulheres. Essas pessoas foram duramente perseguidas pela legislação de combate à mendicância e à vagabundagem durante os períodos Tudor e Stuart.
D. 
Grande parte do capital oriundo da atividade mercantil foi aplicada na produção têxtil.
E. 
Os cercamentos não foram aceitos passivamente pela população. Pode-se afirmar, com base em sermões, canções e outras formas de expressão da cultura popular, que houve um movimento de resistência mais ou menos violento na Inglaterra contra o despovoamento e o empobrecimento das regiões transformadas em áreas de pastagens e de criação do gado lanígero.
5.
(UFPR/2005)
“Nossas esperanças sobre os destinos futuros da espécie humana podem se reduzir a estas três questões: a destruição da desigualdade entre as nações; os progressos da igualdade em um mesmo povo; enfim, o aperfeiçoamento real do homem.” (CONDORCET. Esboço de um quadro histórico dos progressos do espírito humano. Trad. de Carlos A. R. de Moura. Campinas: Ed. da UNICAMP, 1993. p. 177.)
As esperanças de Condorcet foram compartilhadas pelos filósofos iluministas, representantes de um movimento cultural e intelectual que teve na França um dos centros mais importantes e atuantes no século XVIII. Sobre o iluminismo, assinale a alternativa correta.
A. 
Os iluministas eram adeptos de um modelo econômico baseado na propriedade coletiva dos meios de produção.
B. 
Rousseau, Voltaire, Diderot e D’Alembert foram duramente perseguidos por forças de repressão da monarquia francesa por defenderem um regime republicano e instigarem, com suas idéias, os camponeses à rebelião; em meados do século XVIII, estabeleceram formas de ação política retomadas mais tarde pelos jacobinos.
C. 
No seu combate à Igreja Católica, os iluministas defenderam o confisco dos bens eclesiásticos, com o intuito de distribuí-los entre os pobres.
D. 
Condorcet e os filósofos iluministas defendiam a revolução política com o objetivo de extinguir as classes sociais.
E. 
Os iluministas acreditavam na capacidade humana de superar a miséria e a ignorância pelo uso da razão, condição fundamental para o exercício da liberdade e a conquista da felicidade; a história, nesse sentido, é entendida por eles como um movimento linear cuja finalidade é o progresso humano.
6.
(UFPR/2006)
“A justiça sem a força é impotente; a força sem a justiça é tirânica. A justiça sem a força será contestada, porque há sempre maus; a força sem a justiça será acusada. É preciso reunir a justiça e a força; e dessa forma, fazer com que o justo seja forte, e o que é forte seja justo.” (Pascal. Pensamentos V, 298. Apud. BARROS, Alberto Ribeiro de. A teoria da soberania de Jean Bodin. São Paulo: UNIMARCO, 2001.)
Essa passagem dos Pensamentos do filósofo e matemático Blaise Pascal (1623–1662) remete à relação de equilíbrio que deve existir entre o poder político e a justiça. A respeito dessa questão central para a filosofia e a ciência política desde o século XVII, assinale a alternativa correta.
A. 
John Locke (1632–1704) defendia que ninguém podia isentar-se das leis que regem a sociedade civil, criticando enfaticamente as teorias absolutistas, que consideravam uma prerrogativa do poder monárquico não se submeter às leis que regulavam a vida dos súditos.
B. 
Nos séculos XVII e XVIII, as monarquias absolutistas foram controladas pelos parlamentos em toda a Europa, prevalecendo as teorias políticas constitucionais sobre a teoria do direito divino dos reis.
C. 
Ao escrever sobre as formas de governo, Montesquieu (1689–1755) aproximou-se do pensamento político de John Locke, tornando-se um opositor da monarquia e defensor do regime republicano democrático.
D. 
Os pensadores políticos dos séculos XVI e XVII que defenderam a causa política da monarquia eram seguidores dos princípios políticos pragmáticos enunciados por Maquiavel no começo do século XVI, mesmo que para tanto tivessem que renunciar à moral e à religião.
E. 
Thomas Hobbes (1588–1679) foi um defensor do equilíbrio entre executivo e legislativo, pregando a necessidade de um parlamento forte que moderasse a monarquia.
7.
(UFPR/2006)
Durante a União das Coroas Ibéricas (1580–1640), as formas de exploração do continente africano sofreram mudanças consideráveis. Sobre esse aspecto, considere as seguintes afirmativas:
I. O rei de Espanha e Portugal, Felipe II, proibiu os Países Baixos, entre eles a Holanda, de traficar escravos na costa africana. Isso levou os holandeses a fundar a Companhia de Comércio das Índias Ocidentais, com o objetivo de participar do tráfico de escravos para o Novo Mundo.
II. Os holandeses conquistaram a Costa da Mina e Angola, na costa africana. Apenas Angola foi recuperada pelos portugueses, graças a uma expedição que partiu do Brasil liderada por Salvador de Sá.
III. Após a conquista da Costa da Mina pelos holandeses, o tráfico de escravos entre o Brasil e aquela região africana praticamente desapareceu.
IV. A produção do tabaco da Bahia entrou em declínio, uma vez que aquele produto era comercializado essencialmente na Costa da Mina.
V. Única praça subordinada à administração portuguesa na África, Angola, através de seus portos de Luanda, Cabinda e Benguela, passou a receber mercadorias, sobretudo, como a geritiba (cachaça), que eram trocadas por escravos africanos.
Assinale a alternativa correta.
A. 
Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras.
B. 
Somente as afirmativas IV e V são verdadeiras.
C. 
Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.
D. 
Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
E. 
Somente as afirmativas I e V são verdadeiras.
8.
(UFPR/2006)
Os processos de exploração do Novo Mundo por Portugal e pela Espanha tiveram diferentes motivações e atenderam às necessidades e interesses específicos dos países envolvidos. Comparando a atuação dos portugueses e dos espanhóis na América, considere as seguintes afirmativas:
I. Nos primeiros trinta anos da descoberta do Brasil, o interesse português se concentrou no litoral, porque ali havia ouro em abundância.
II. No México e no Peru, onde os espanhóis encontraram uma grande concentração populacional, a exploração da mão-de-obra indígena se deu pelo aproveitamento da estrutura vigente, ou seja, a imposição de trabalho forçado e a cobrança de tributos.
III. Na América espanhola e no Brasil, missionários e colonos atuaram em conjunto na escravização dos índios.
IV. Os efeitos da Contra-Reforma se fizeram sentir na América espanhola por meio da atuação do Tribunal da Inquisição, que perseguia os cristãos acusados de práticas judaicas ou práticas religiosas de origem indígena.
Assinale a alternativa correta.
A. 
Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.
B. 
Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.
C. 
Somente as afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
D. 
Somente as afirmativas I e II são verdadeiras.
E. 
Somente as afirmativas II e III são verdadeiras.
9.
(UFPR/2007)
“Produção e consumo – e necessidades humanas – tornam-se cada vez mais internacionais e cosmopolitas. O âmbito dos desejos e reivindicações humanas se amplia muito além da capacidade das indústrias locais, que então entram em colapso. A escala de comunicações se torna mundial, o que faz emergir uma mass media tecnologicamente sofisticada. O capital se concentra cada vez mais nas mãos de poucos. Camponeses e artesãos independentes não podem competir com a produção de massa capitalista e são forçados a abandonar suas terras e fechar seus estabelecimentos. A produção se centraliza de maneira progressiva e se racionaliza em fábricas altamente automatizadas.”
(BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986, p. 89–90.)
O texto introduz alguns elementos do processo de modernização que originou a produção de mercadorias centrada na lógica capitalista. Sobre o tema, considere as afirmativas a seguir:
1. A implantação do sistema fabril capitalista transformou substancialmente os padrões de consumo, criando mercadorias fabricadas em um ritmo frenético e impondo novas necessidades aos consumidores.
2. Uma característica marcante da modernização foi a consolidação da indústria local, já que a sua proximidade com as comunidades credenciaram-na a atender os anseios dessa população regional.
3. A modernização capitalista favoreceu a percepção de uma diminuição dos espaços geográficos, na medida em que o desenvolvimento das tecnologias de comunicação encurtou as distâncias entre as pessoas.
4. A centralização da produção em estabelecimentos altamente automatizados fortaleceu o sistema doméstico de fabricação de mercadorias baseado na atividade artesanal.
Assinale a alternativa correta.
A. 
Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
B. 
Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
C. 
Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
D. 
Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
E. 
Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
10.
(UFPR/2007)
Alexis de Tocqueville, um dos grandes teóricos da democracia na América, afirma em sua obra de 1835: “Quando comparo as repúblicas gregas e romanas com essas repúblicas da América, as bibliotecas manuscritas das primeiras e seu populacho grosseiro com os mil jornais que circulam nas segundas e com o povo esclarecido que as habita; quando em
seguida penso em todos os esforços que ainda são feitos para julgar uns com a ajuda dos outros e prever, pelo que aconteceu há dois mil anos, o que acontecerá em nossos dias, sou tentado a queimar meus livros, a fim de aplicar apenas idéias novas a um estado social tão novo”. (TOCQUEVILLE, Alexis. de. A Democracia na América. São Paulo: Martins Fontes, 2005, p. 355–356.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a formação da democracia nos Estados Unidos da América, é correto afirmar:
A. 
Ao destacar o ineditismo da democracia norte-americana, Tocqueville refere-se ao fato de a Declaração de Independência dos Estados Unidos (1776) ter conferido igualdade, liberdade e direitos irrestritos às mulheres e aos escravos.
B. 
O “estado social tão novo” apregoado pelo autor refere-se à existência de uma democracia fundamentada nos pressupostos do Despotismo Esclarecido que caracterizava o sistema político no Antigo Regime na Europa.
C. 
Por considerar a democracia na América uma ruptura histórica, Alexis de Tocqueville afirma que a democracia norte-americana foi um episódio original e sem precedentes em experiências históricas anteriores.
D. 
Tocqueville sugere que, diferente das repúblicas gregas e romanas, a experiência democrática americana resultou na formação de uma população grosseira e iletrada, conseqüência da leitura de jornais em vez de livros.
E. 
A instituição precoce da democracia liberal nos Estados Unidos foi responsável pela implementação da “missão civilizadora” que possibilitou a incorporação pacífica das populações indígenas nativas na sociedade nacional e assegurou a manutenção do seu modo de viver.
11.
(UFPR/2008)
Observe a imagem do mapa de Waldseemuller e leia o texto a seguir.
(Martin Waldseemuler, 1507.)
“Este mapa é de fundamental significação na história da cartografia. Sintetizou a revolução dos vinte anos precedentes na geografia e ampliou a imagem contemporânea do mundo, proporcionando uma visão essencialmente nova do mesmo. [....] Seu histórico é conhecido indubitavelmente a partir do tratado geográfico Cosmographiae Introductio que acompanhou sua publicação em 1507. [...] Este mapa tem uma importância histórica única. Nele o Novo Mundo recebe o nome de América pela primeira vez. Colombo aparentemente nunca abandonou sua convicção de que as ilhas das Índias Ocidentais que descobriu eram próximas à costa leste da Ásia. Vespúcio, entretanto, descobriu a verdade, ou seja, que era um novo mundo. Waldseemuller aceitou esta visão e propôs – para honrar Vespúcio – conceder seu nome à nova terra.”
(WHITIFIELD, Peter. The image of the world: 20 centuries of World Maps. San Francisco: Pomegranate Artbooks & British Library, 1994, p. 48–49.)
Com base no mapa, no texto e nos conhecimentos sobre a epopéia dos descobrimentos na Época Moderna, é correto afirmar:
A. 
O mapa de Waldseemuller foi elaborado para reforçar a concepção bastante difundida durante a Idade Média de que a Terra era plana, contribuindo assim para afirmar a tese da impossibilidade de atingir o Oriente navegando para o Ocidente.
B. 
O uso da expressão “descoberta da América”, para designar o ocorrido em 1492, revela uma construção a posteriori da historiografia, que assim estabelece uma representação simbólica da presença européia no continente pela primeira vez na Era Moderna.
C. 
Afirmar que Vespúcio foi o responsável pela “descoberta do Novo Mundo” significa evidenciar um traço da mentalidade greco-romana da Antiguidade, que prescrevia a experimentação científica como método para obter o conhecimento da verdade das coisas.
D. 
A verificação empírica da verdade dos “descobrimentos” possibilitou, ao longo do século XVI, uma nova epistemologia para as ciências humanas, que passou a fundar-se no testemunho direto dos acontecimentos como critério para o estabelecimento dos fatos.
E. 
Pelo relato sobre os “descobrimentos”, explicitado no texto, fica evidente que havia, no período da publicação do mapa de Waldseemuller, uma nítida separação entre a perspectiva de análise geográfico-cartográfica e a abordagem histórica dos eventos da expansão marítima.
12.
(UFPR/2008)
“Mas não é uma conduta extraordinária, e por assim dizer selvagem, o correr todo o povo a acusar o Senado em altos brados, e o Senado o povo, precipitando-se os cidadãos pelas ruas, fechando as lojas e abandonando a cidade? A descrição apavora. Responderei, contudo, que cada Estado deve ter costumes próprios, por meio dos quais os populares possam satisfazer sua ambição [...]. O desejo que sentem os povos de ser livres raramente prejudica a liberdade porque nasce da opressão ou do temor de ser oprimido. [...] Sejamos, portanto, avaros de críticas ao governo romano: atentemos para o fato de que tudo o que de melhor produziu esta república provém de uma boa causa. Se os tribunos devem sua origem à desordem, esta desordem merece encômios, pois o povo, desta forma, assegurou participação no governo. E os tribunos foram os guardiões das liberdades romanas.”
(MAQUIAVEL, Nicolau. Comentários sobre a Primeira Década de Tito Lívio. 3 ed., Brasília: Editora da UNB, 1994, p. 31–32.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a sociedade renascentista, é correto afirmar que o pensamento de Maquiavel:
A. 
Restabeleceu no Mundo Moderno as formas clássicas do pensamento político, especialmente as da República romana, que garantiram os mecanismos de representação popular nas novas Repúblicas em formação na Itália e no norte da Europa.
B. 
Introduziu o conceito de desordem no pensamento renascentista para explicar os processos evolutivos dos Estados e das formas de governos possíveis, baseando-se na proposição do modelo republicano romano como ideal para os Estados modernos.
C. 
Recuperou os princípios romanos e, afirmando que os fins justificam os meios, forneceu para os movimentos sociais da Era Moderna uma justificativa para se rebelarem contra a tirania e a opressão, em nome de uma boa causa que legitimaria um governo autoritário de caráter popular.
D. 
Inspirou-se nas formas clássicas, especialmente romanas, idealizando-as para afirmar que os conflitos entre os poderosos e o povo contribuem para a ampliação das liberdades republicanas e que os modos desses conflitos
dependem dos costumes políticos dos povos.
E. 
Pretendeu estabelecer o princípio republicano democrático romano como conceito básico da política moderna, afirmando que, para satisfazer suas aspirações, é legitimo que o povo se rebele e promova desordens com a finalidade de mudar o regime político e a organização da produção econômica.
13.
(UFPR/2008)
“O Jacobinismo transpôs a linha diante da qual hesitavam os constituintes. [...] Colocou-se no lugar de uma liberdade negativa que não atribui ao homem qualquer objetivo, uma liberdade dependente da ação virtuosa. Colocou-se no lugar da livre associação dos indivíduos independentes, anteriormente a qualquer sociedade, uma cadeia social que em toda parte e sempre manifestava sua preeminência sobre as individualidades. Em lugar da liberdade dos modernos, colocou-se a liberdade militante e mobilizada dos antigos. Nesse ponto naufragou o individualismo dos direitos do homem. É preciso reconhecer a coerência dos Jacobinos. Embora tenham continuado a evocar a liberdade em fórmulas paradoxais e exaltadas (o ‘despotismo da liberdade’) não camuflaram o reino do extraordinário. Opuseram a liberdade da Constituição à liberdade da Revolução: ‘A Constituição, disse Saint-Just, é o reino da liberdade vitoriosa e pacífica. A Revolução consiste na guerra da liberdade contra os seus inimigos’.”
(OZOUF, Mona. Liberdade. In: OZOUF, M. & FURET, François. Dicionário crítico da Revolução Francesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989, p. 784–785.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar que estiveram em jogo no episódio da Revolução Francesa dois conceitos de liberdade:
A. 
Aquele que se fundava no direito natural e se opunha à ordem aristocrática do Antigo Regime e aquele que se fundava na idéia de um contrato social que, por meio da vontade geral, regularia o estado civil.
B. 
O dos antigos, que definia liberdade como ausência de coerção, e o dos modernos, que a definia como vontade positiva; o segundo postulava uma representação objetiva da felicidade humana, e o primeiro não contemplava qualquer representação de tal felicidade.
C. 
Um deles de concepção aristotélica, que subordinava os objetivos morais à liberdade, e o outro que submetia a vida humana à finalidade virtuosa e justificava, por antecipação, as restrições impostas à liberdade.
D. 
As liberdades no plural – franquias e privilégios – dos modernos em oposição à liberdade absoluta, isto é, a garantia da liberdade individual vigente no Antigo Regime em oposição ao aniquilamento dessas liberdades em favor do bem-estar coletivo preconizado pelos revolucionários.
E. 
A ‘liberdade francesa’, que se define pela supressão da necessidade de igualdade, e a ‘liberdade inglesa’, fundada na idéia de que os indivíduos apresentam uma mesma solução se confrontados com os termos de um mesmo problema político.
14.
(UFPR/2009)
Sobre o processo de formação dos estados-nação na Europa e o papel atribuído à escola nesse processo, considere as afirmativas abaixo:
1. O processo de estatização da escola desenvolveu-se de forma consensual entre os estados e as doutrinas religiosas que ofertavam instrução escolar.
2. O grupo dos fisiocratas, que defendia o liberalismo econômico, foi contrário ao processo de estatização da escola.
3. A instrução pública proposta visava principalmente a um processo de construção do sentimento de identidade nacional.
4. A necessidade de um sistema de ensino estatal devia-se, em parte, a efeitos da Revolução Industrial sobre os estados-nação.
5. Há um razoável consenso entre filósofos como Voltaire, Diderot, Condorcet e Rousseau de que cabe ao estado a função de formar cidadãos.
Assinale a alternativa correta.
A. 
Somente as afirmativas 3, 4 e 5 são verdadeiras.
B. 
Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
C. 
Somente as afirmativas 2, 3 e 5 são verdadeiras.
D. 
Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
E. 
As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.